8 de jun. de 2010

Helena


Olha quem vem pela estrada...
É Helena e está descalça.
Helena anda de mãos para cima, parece que segura uma lata.
Em sua lata Helena trás tanta coisa que não cabe no caber de um livro.
Helena traz memórias estranhas, escritas com carvão em folhas de papel amarelo comido por traças.
Estas escritas guardam Helena para si mesma, pois é normal para ela se esquecer...
Helena é tristonha e acanhada, de modos simples e roupas rasgadas...
Helena não tem amigos e não vai à escola.
Helena não existe sequer para si mesma.
Helena não tem nome, não tem sobrenome e nem Pai e Mãe.
Helena é a cara borrada dos becos do nosso Brasil
Helena é a febre que não passa das crianças mais pobres que a própria pobreza
Helena não é Helena; ela é todas as mazelas de debaixo dos tapetes
Helena passou pela estrada de lata nas mãos, e ninguém a notou
Ninguém lembra de Helena

Matheus


5 comentários:

Jessica Laviere disse...

Nossa há muito tempo não lia algo parecido,você é um escritor de mão cheia...o texto me trouxe muitas reflexões,adorei o que vc escreve tem muita coisa interessante aqui.

Estou seguindo =)

Heron Xavier disse...

Ótimo texto cara, parabéns.

Carolina Braga disse...

é... ninguém se lembra de "helenas"

Sem nome disse...

poema muito legal, porra... gostei tb da descrição do teu perfil! passa no meu blog depois!

Sem nome disse...

Helena é meio Macabéa!