Despertar

Acordei hoje com vontade de dormir um pouco mais...
Ainda de olhos fechados, a memória corria contra o tempo querendo me mostrar que eu precisava sair da cama, que havia muito para aproveitar, palavras para serem ditas, memórias para serem escritas, momentos para sonhar e sorrir.
Ainda de olhos fechados, lembrei de um rosto simples, de traços finos, de olhos escuros, de alma translúcida e de boca riscada.
Ainda de olhos fechados, senti vontade de abrí-los, e ao mesmo tempo medo de perder aquele rosto, aquele consolo, aquele conforto...
Ainda de olhos fechados, pedi pra Deus que fosse real, que a saudade não dominasse, que eu soubesse para onde ir, queue eu não virasse um mendigo, não me tornasse um molambo, não transmutasse em um cigano.
Ainda de olhos fechados, pensei em te dizer sobre as terras distantes, cheias de nuvens, de poesias, de beijos, de vida e de certeza...
Mas sua face se foi.
Busquei ainda, num desespero, a luz daquele olhar... Não a encontrei.
Abri os olhos, perdido, confuso.

Uma onda de calor me atingiu o corpo inteiro: Lá estava a face de antes.

Cara na cara, olho no olho, hálito no hálito.
Acho que de tanta vontade, de tanto desejo, aquele simples devaneio virou realidade...
Foi embora a saudade, foi embora a tristeza.
Ficamos eu e você.
No meio dos edredons, dos lençóis, dos travesseiros;

No meio disso tudo estava você, ali, comigo... na cama.
Era intenso o momento, era simples.
Era emoção sem dor;
Era pra mim um novo sabor.
Acordei hoje com um gosto novo na boca;
Era o gosto de um sonho bom.

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Matheus